Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, é hoje um dos principais polos de mineração do Brasil. A transformação do município, antes agrícola, em um gigante mineral ocorreu de forma acelerada, principalmente nas duas últimas décadas.
A região está localizada no chamado Quadrilátero Ferrífero de Carajás, uma das maiores províncias minerais do planeta. O subsolo local abriga imensas jazidas de ferro, cobre, níquel, manganês e ouro. Essa riqueza atraiu o interesse da mineradora Vale, que iniciou prospecções ainda nos anos 1990.
O primeiro grande marco veio em 2004, com a inauguração da Mina do Sossego, a primeira mina de cobre operada pela Vale no Brasil. O projeto exigiu obras de grande porte, como a construção de usinas, sistemas de transporte, vias e alojamentos.
A operação do Sossego consolidou Canaã como município minerador. Gerou empregos, movimentou o comércio e atraiu empresas prestadoras de serviço. Mas o que estava por vir era ainda maior.
Em 2016, entrou em operação o Projeto S11D Eliezer Batista, considerado o maior projeto de mineração de ferro em operação no mundo. O S11D é uma mina de ferro a céu aberto, localizada na Serra Sul, dentro da Floresta Nacional de Carajás.
A mina tem capacidade de produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. É um empreendimento de alta tecnologia, com sistemas automatizados, correias transportadoras de 9 km e empilhamento a seco de rejeitos, reduzindo impactos ambientais.
Com o S11D, Canaã dos Carajás passou a liderar rankings nacionais de arrecadação de CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais). Em 2023, o município arrecadou mais de R$ 1 bilhão em royalties, superando grandes cidades do setor.
Além da CFEM, a mineração também impulsiona a economia local por meio de empregos diretos e indiretos. Segundo a Vale, mais de 10 mil pessoas estão envolvidas, direta ou indiretamente, com suas operações na cidade.
O impacto também é visível na infraestrutura urbana. A receita mineral permitiu a pavimentação de ruas, construção de escolas, hospitais e investimentos em saneamento e urbanismo. Canaã tem hoje um dos maiores PIBs per capita do Brasil.
Mas a dependência da mineração levanta alertas. O modelo econômico é altamente concentrado. Caso a atividade mineral reduza seu ritmo no futuro, o município poderá enfrentar dificuldades de adaptação.
Há também preocupações ambientais. Mesmo com uso de tecnologias menos agressivas, a extração de grande volume sempre gera impactos. Preservar a vegetação nativa e os recursos hídricos da região é um desafio permanente.
Atualmente, Canaã dos Carajás vive o auge de sua era mineral. Mas o futuro dependerá da capacidade de diversificar sua economia, investir em educação técnica e planejar a transição para um modelo menos dependente da extração.
Enquanto isso, o subsolo da cidade continua sendo o motor de sua economia, projetando Canaã dos Carajás para o cenário internacional como símbolo da mineração brasileira moderna.
Deixe um comentário